Minhas memórias
literárias...
Por morar na
roça, em local que não havia Escola, meus primeiros contatos com a Literatura
foram pela oralidade. Minha mãe era uma contadora de histórias. Meu pai sempre
relatava suas memórias e seus diários de viagens. Uma irmã mais velha também
contava histórias da Carochinha, A Moura Torta, Maria lavou pé, lavou mão e já foi se deitar! Ah, meu príncipe encantado... De forma que sempre tive ouvidos preparados
para histórias, inclusive histórias fantásticas de Lobisomens reais que apareciam lá pela região onde residíamos. As pessoas garantiam que conheciam quem se
transformava em noite de lua cheia. E os fogos fátuos que tanto nos
apavoravam?! Não havia energia elétrica no município.
Quanto ao
letramento... A velha e boa Carta de ABC de cor e salteada, a Cartilha e o
primeiro Livro. A aprovação era automática. Quem sabia ler ensinava ao próximo.
Era quase lei. Rabiscava na areia do riacho minhas paisagens. Aos 10 (dez) anos
conheci uma Escola de verdade. Fui morar na cidade com a irmã mais velha, a
contadora de histórias, após seu casamento. Já havia desasnado. Fui matriculada
na primeira série de uma Escola Pública. Mais tarde, no Ginásio, um colega
adolescente que, poeta, declamador de poesias, sobrinho de um padre, tinha
acesso à Literatura Escrita foi o meu guru literário. Foi através dele que teve
sequência a minha via deleitora de leitura!
Artemísia, eu!