Palavras de amor, palavras de afeto, palavras de alegria, palavras de amizade, palavras de carinho. São tantas palavras... Palavras, palavras...


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Eu, a Leitura e a Escrita


Minhas memórias literárias...
Por morar na roça, em local que não havia Escola, meus primeiros contatos com a Literatura foram pela oralidade. Minha mãe era uma contadora de histórias. Meu pai sempre relatava suas memórias e seus diários de viagens. Uma irmã mais velha também contava histórias da Carochinha, A Moura Torta, Maria lavou pé, lavou mão e já foi se deitar! Ah, meu príncipe encantado... De forma que sempre tive ouvidos preparados para histórias, inclusive histórias fantásticas de Lobisomens reais que apareciam lá pela região onde residíamos. As pessoas garantiam que conheciam quem se transformava em noite de lua cheia. E os fogos fátuos que tanto nos apavoravam?! Não havia energia elétrica no município.

Quanto ao letramento... A velha e boa Carta de ABC de cor e salteada, a Cartilha e o primeiro Livro. A aprovação era automática. Quem sabia ler ensinava ao próximo. Era quase lei. Rabiscava na areia do riacho minhas paisagens. Aos 10 (dez) anos conheci uma Escola de verdade. Fui morar na cidade com a irmã mais velha, a contadora de histórias, após seu casamento. Já havia desasnado. Fui matriculada na primeira série de uma Escola Pública. Mais tarde, no Ginásio, um colega adolescente que, poeta, declamador de poesias, sobrinho de um padre, tinha acesso à Literatura Escrita foi o meu guru literário. Foi através dele que teve sequência a minha via deleitora de leitura!

Artemísia, eu!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Severina, Eu!

(Em um passeio a um dos vários brasis!)

Você sai do seu mundinho torrão pequeno, amado. Lá você também não é você. Você é o filho, o irmão, o tio, o amigo... Você não é só você, você é mais o outro... Segundo a filosofia do meu melhor amigo e companheiro de caminhada. Mas não é sobre filosofias que quero falar. Hoje o assunto é preconceito. Sei, eu sou uma pessoa muito preconceituosa, não nego. Não descreverei meus preconceitos justamente para que todos ponham os seus miolos para funcionar querendo sabê-los. Não os digo! Isso é problema meu. Tenho que aprender a conviver com eles. Calma! Vou escrever o que quero dizer.
Numa viagem a um lindo lugar deste país e há muitos para se ver. Brincando alegremente, falando, coisa que não tenho medo e não gosto de fazer em silêncio, escuto alguém do meio do grupo dizer: “Ela é nordestina.”.
Não sei por que, mas não consigo ficar calada quando ouço esta expressão. Corre nas minhas veias um sangue vermelho sangue que explode em questão de segundos e já se ouve em tom mais forte que o vermelho sangue uma resposta aos curiosos: Sou nordestina, do Ceará, embora more no Rio de Janeiro há 34 anos. Sou cearense, nordestina, brasileira e amo este maravilhoso país!
Faz-se um silêncio, talvez para escutar de onde vem o barulho ou simplesmente para repensar quem teve a brilhante ideia de emitir tal som que me fez ouvir e aí alguns explodem em gargalhadas cínicas, porque para muitos ser nordestino é ser sinônimo de severino, retirante, analfabeto, invasor... Reconheço a minha condição severina, mas sou Antonia, poderia ser Maria, Joana, Benedita...

Brasil, país gigante que deveria ser amado por todos onde todos fossem respeitados como irmãos!

Quando o brasileiro será "brasileiro" em qualquer ponto deste imenso país?!

Artemísia 

domingo, 2 de novembro de 2014

Meu primeiro cordel

José e Acilene
Uma infeliz história de amor
 


 

A história que lhe conto    
Sei não é novidade
Mas aqui eu a escrevo
Para mostrar a maldade
De um homem sem caráter
De tamanha crueldade
 
Acilene, moça simples  
De baixa estatura
Muito simpática e feliz
Uma boa criatura
José, homem cruel
É engano e tortura
 
Na década de 70  
Nasce um caso de amor
Tipo Romeu e Julieta
Tristão e Isolda, que dor
Mas esse ao contrário
Sem respeito, sem amor
 
Uma menina moça  
Já mais moça que menina
Em casar tinha sonhado
Não sabia a triste sina
O destino reservara
Àquela doce menina
 
Sua paixão é tamanha  
Não há homem igual
Aquele é felizardo
Vão se casar afinal
Ele é seu bem maior
Não lhe fará nenhum mal
 
Sonhando, sempre sonhando  
Não enxerga a menina
Que o amor é a teia
Que envolve e arruína
Da veia suga o sangue
Um belo dia termina
 
José, homem pacato  
Vivia com sua Maria
Descansava à noite
Se trabalhava de dia
Não era rico, de posses
Nem na miséria vivia
 
Ele casado com filhos    
Ela solteira com fé
Mais que tudo na vida
Pensa no amado José
A menina engravida
Não vendo quem ele é
 
Ele nascido nas Bravas    
Ela no Poço do Mato
Comarca de Cariús
Logo fizeram o trato
De casar e viver juntos
Serem felizes de fato
 
Acilene amando José
Ele ignora o que sente
O acordo entre eles
Aconteceu simplesmente
Ninguém sabe, ninguém viu
Foi entre os dois somente
 
Se casou, eu não sei onde
Mas eu ouvi tal boato
Fato que ninguém esconde
Lá pelo Poço do Mato
Se casa e se livra dela
Um ocorrido de fato
 
Viu em José, Acilene      
Um amor tão desgraçado
Como a paixão é cega
Não vê amor arruinado
Não enxerga consequências
Será feliz a seu lado?
 
Seguiu caminho a fora      
Arrastou pela estrada
Não dando chance nenhuma
Para ser argumentada
Nem se preocupar se doía
A pele já encarnada
 
Sofrendo foi humilhada       
Sem direito de defesa
Amor virado em ódio
Faltando delicadeza
Corpo inteiro em trapos
Da vida tira beleza
 
Deus do céu que covardia
Não sabe o que ela sente
No ventre leva um ser
Outra criança inocente
Começando sua dor
O que vai a sua mente?
 
José já transtornado
Ignora o sofrimento
Elimina uma vida
Não há nele sentimento
Sua querida e amada
Torna-se o seu tormento
 
O amor vira tragédia             
De sangue fica manchada
Ninguém sabe ao certo
Como ela é machucada
José mata Acilene
De faca, facão, enxada?
 
Mata e não tem remorso     
Não tira só uma vida
Joga dentro do saco
Começando a corrida
Para esconder o corpo
Dando fim a sua lida
 
Joga no fundo do açude       
Deus do céu que agonia
Fácil será de encontrar
O corpo que ali jazia
Desfazendo à noite
O enterro que fez de dia
 
Vindo a polícia atrás                 
Investigar trama terrível
Descobrir onde ela está
Até hoje impossível
Não gosto de pensar
Neste caso inesquecível
 
No verão o açude seca               
Onde o corpo foi jogado?
Um lugar que seja certo
Até o pai é julgado
Nunca foi descoberto
E nunca será provado
 
Lá vai caminho acima            
Ou vai caminho abaixo
Veredas de pedregulho
Escodem um riacho
Bem pequeno, tão raso
Pensa isso é o diacho
 
Não sabe onde deixar           
Porque nisso não pensou
Somente em tirar a vida
Que a ele se dedicou
Não pensa nas consequências
Que Deus a ele reservou
 
Acilene, pobre jovem                
Que ficou sem mausoléu
Para conversar com Deus
Levando consigo o véu
Da tormenta e da dor
Foi direto para o céu
 
Que aconteceu a José   
Ninguém sabe ao certo
Desencadeou o mal
Eu não estava por perto
Depois dessa tragédia
Foi cadeia seu deserto
 
A família não tem paz     
José foi pra prisão
Morreu seco na cadeia
Nas bandas do Maranhão
Pagou com o sofrimento
O homem sem coração
 
Sítio Bravas jamais viu               
História tão escabrosa
Um homem desumano
Uma cobra venenosa
Que trata como megera
Uma mulher, uma rosa
 
Esse caso foi único                   
Abalou os moradores
Todos daquele lugar
Sofreram com os horrores
Diziam a coitadinha
Suportou tantas dores
 
Quem na vida caminha           
Pensando estar seguro
Sem olhar para os lados
Se perde no seu futuro
Cai da escada, se ferra
Dá com a cara no muro
 
Há gente que ainda lembra                    
Outra já esquecera
Povo de memória curta
Nem conta ao que nascera
De 80 para cá
O quanto ela sofrera
 
Fazendo este cordel                    
Sendo fiel à história
Dando volta ao passado
Rebuscando a memória
Espero ter sido clara
Aqui não contei vitória
 
Porque em amor maldito  
Não pode ter vencedor
Acilene sofreu só
Quem soube o seu pavor
Sem ninguém para socorrer
No seu lamento, na dor
 
Artemísia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


 


 

   


  


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Meus netos, a segunda bênção de Deus!



Oração pelos meus netos que estão chegando

Senhor, que estas crianças sejam saudáveis e inteligentes para Te amar e que os pais sejam também inteligentes e saudáveis para educá-los no Teu amor. E nós, Senhor, os avós, sejamos saudáveis, inteligentes e conscientes para apreciarmos com amor esse momento que será para honra e glória do Teu nome e deseducação destas crianças. Amém!
A avó mais chata do Universo!
Eu!




Chegaram e crescem em tamanho e sabedoria, são crianças! E como toda criança é santa e perfeita aos olhos de Deus! Agradeço todos os dias ao meu bom Deus, criador de todas as coisas, pela vida de Bernardo e Júlia!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Inaugurado em Várzea Alegre o Memorial Joaquim de Sátiro


memqNa tarde de sábado, dia 09, o prefeito Vanderlei Freire (PSD), na companhia do secretário de Cultura e Turismo de Várzea Alegre, Francisco Milton Bezerra, participou da inauguração do Memorial Joaquim de Sátiro, no sítio Boa Vista, Sede Rural de Várzea Alegre, distante 5km da cidade.
A cerimônia de inauguração teve missa celebrada pelo padre José Mota Mendes em memória do homenageado e dos seus familiares falecidos e em Ação de Graças pelos 80 anos Nicolau Sátiro.
A iniciativa do Memorial foi do Dr. Carlyle Aquino Sátiro, neto de Joaquim de Sátiro, que nasceu em 01 de julho 1900. Ele disse que a ideia foi abraçada pela família e o objetivo é manter a família unida em encontros no local que guarda a história dos familiares em peças expostas em cômodos diferentes da antiga residência, construída numa área de serra e marcada por outro fato histórica de Várzea Alegre, o marco zero, onde seria construído o grande açude de Várzea Alegre em 1919, pelo governo federal, obra iniciada e abandonada em 1920.
Vanderlei Freire elogiou a família “Sátiro” pela criação do Memorial Joaquim de Sátiro, enfatizando que a preservação da história de grandes ícones varzealegrenses é muito importante, não apenas para os familiares, mas para todos os munícipes.
O acervo do Memorial Joaquim de Sátiro
Várzea Alegre passa a ter, a partir da inauguração deste memorial, um pedaço da sua história transformada em realidade. O projeto pioneiro na área cultural, servirá como ponto de visita para alunos, estudiosos, escritores e mesmo para leigos que queiram saber mais sobre a história de Várzea Alegre, já que Joaquim de Sátiro foi um daqueles desbravadores do sertão, que deram muito das suas vidas para transformar esta cidade no que ela é hoje. Os cômodos da casa foram divididos entres os familiares, para que cada membro possa contar a sua própria história, ressaltando os relevantes serviços prestados por eles à sociedade, sempre tendo como ponto de referência o patriarca Joaquim de Sátiro, cuja história ficará na parte central da casa, bem na sala de visitas.
História de Joaquim de Sátiro
JOAQUIM-DE-SATIROJoaquim Alves de Oliveira (Joaquim de Sátiro) nasceu em 01 de julho de 1900, no Sítio Boa Vista, Várzea Alegre, Ceará, filho de João Alves de Oliveira (João de Sátiro) e de Ana Gonçalves de Morais.  Cresceu acostumado aos trabalhos da agricultura e pecuária sertanejas.
Casou-se com Maria Bezerra de Morais, em 05 de novembro de 1922, na Matriz de São Raimundo Nonato. Em 1925, decidiu construir esta casa de morada, e assim o fez, no alto de uma serra de difícil acesso, mas de belíssima vista. Aqui tiveram seis filhos: Luiza, João, Pedro, Elizeu, Nicolau e Estevam. Também adotaram outros três: Rita, José e Raimundo.
Com seu trabalho, Joaquim prosperou e comprou terras e gados. Fez patrimônio, sem esquecer o mais importante: conquistou respeito, fez inúmeros amigos, teve centenas de compadres e afilhados, além de fazer de sua casa ponto de rancho para muitos que viajavam por estas bandas.
Em 1949, tomou uma decisão que repercute até hoje para o bem da cidade de Várzea Alegre. Encaminhou um de seus filhos, Pedro Sátiro, já aos 19 anos, para estudar fora. Sonhava que ele voltasse a nossa terra e servisse a sua família e ao nosso povo, como médico.
Em 1962, Dr. Pedro retornou e, até hoje, vem servindo a esta cidade como médico, além de ter conquistado, junto ao povo varzealegrense, três mandatos de prefeito, num total de 14 anos dirigindo os destinos da nossa terra. No mesmo ano de 1962, Joaquim de Sátiro trouxe do Sítio Bravas – Cariús, para morar em sua casa, um sobrinho seu, Raimundo Sátiro, de 17 anos, para iniciar seus estudos. Este acabou sendo adotado por Dr. Pedro, seguiu seus passos e também serve a esta terra como médico.
Em 02 de abril de 1964, Joaquim de Sátiro perdeu Dona Maria e ficou viúvo. Casou-se novamente, em 16 de maio de 1965, com Dona Raimunda Gonçalves da Costa e teve com ela mais quatro filhos: Ana, Maria Luiza, Regina e Elano.
Em 1972, descobriu a doença que o consumiu rapidamente, após muito sofrimento. Perto de morrer, chamou seu filho Pedro, e lhe fez dois pedidos: que ele e seus irmãos pagassem um empréstimo feito em seu nome, para que este jamais fosse protestado em cartório; e que mesmo depois de sua morte, Padro jamais abandonasse seus irmãos, especialmente os mais novos, que ficariam sem pai, ainda muito pequenos.
Joaquim de Sátiro morreu em 05 de agosto de 1972 e foi sepultado em Várzea Alegre, no Cemitério da Saudade, mas deixou sua marca viva na memória de seus descendentes e amigos: o exemplo de honestidade, disciplina, perseverança, amor ao trabalho e devoção à família.