Todas as manhãs de todos os dias
úteis ela está lá. Joelho no queixo, pé na cadeira e cigarro entre os dedos.
Passo e fico pensando naquela pequena e magra senhora que vende balas quase na
porta da Escola. Não pode ser na porta da Escola. Mas é quase lá. E que tenho
eu com isso, você pode estar pensando. Somos, todos olheiros em uma sociedade
conectada. Ela está lá. Vendendo balas e biscoitos de vento e fumando seu
cigarro. Todos os dias.
O livro poderia ser um bom elemento
entre seus dedos. O dinheiro gasto seria o mesmo, com um diferencial, com o
livro o dinheiro seria empregado e não gasto. O sangue ficaria envenenado, mas
de uma adrenalina boa. O pulmão respiraria aliviado, sem nicotina. Todo seu
organismo em sintonia com o que estivesse lendo. A vida talvez fosse mais
divertida. A alegria experienciada por uma boa leitura vale mais que qualquer
fumaça esvaída no espaço e seu olhar cinzento ganharia uma certa cor que não
denunciasse a sua tristeza. O olhar vazio tomaria todo o espaço e não sobraria
lugar para um pensamento que não fosse o da viagem interior, para o lugar que só
você consegue chegar. Viagem que se chega
onde e quando se quer e com quem se escolher por companhia. É a vida sonhada
através do livro com todo seu contágio aplicado a nosso real viver.
E o cigarro se consumindo entre os
dedos quase a queimá-los para fazê-la acreditar...
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