Palavras de amor, palavras de afeto, palavras de alegria, palavras de amizade, palavras de carinho. São tantas palavras... Palavras, palavras...


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

E não era Capim Canela!



Gostaria de contar histórias contagiantes. Que emocionassem pela inocência e pela fantasia, mas a vida nos prega peças que nos surpreendem e nos tira do palco sem forças para reagir ou para “levantar, sacudir a poeira, dar a volta por cima...”.
Se você é hoje jovem, forte, saudável, viva! Viva, porque a vida é isso e ela passa tão rápido que às vezes não dá pra pegar carona no seu rabo de foguete.
Setenta e poucos anos!
É essa a sua idade. Um homem franzino por seu tamanho pequeno, mas forte, uma saúde de ferro, com disposição para pegar o boi no campo ou no campo jogar uma partida de futebol com os filhos. Come bom e come com vontade. E aí vem a queda. Sua conversa ainda recheada de bom humor. Com uma veia poética e brinca com alguns versos. Memória boa traz à tona ou à mente versos da sua adolescência. Brinca de poesias sem pretensão de ser poeta. Tudo na oralidade. Talvez para enganar aos outros que está bem. Pois sua consciência de homem da roça das Bravas ou do sertão bravo dos Inhamuns não se deixa enganar. O tombo foi feio: Somente pode comer carne branca (peixe ou frango, galinha também vale...), nada de sal, leite desnatado. Doce, somente caseiro, porém não agora.  Frutas, verduras, legumes. Pode, mas é aí que entra a minha parte nesta história. Estando eu em janeiro, de férias e em Várzea Alegre, ganho a missão de ser a sua “Chef”. Fazendo a sua comida. Preparando o cardápio conforme a recomendação da Nutricionista. Chá, biscoito, ou pão integral, arroz, caldo de feijão, legumes e verduras. Muita verdura! Para entreter suas longas horas de folga, tinha um joguinho de baralho.
Toda sexta-feira passam as moças do Riacho Verde vendendo pamonhas e manzapes, comidas doces típicas do Ceará. É uma sexta-feira, estamos no jogo quando alguém grita da calçada; “Olha as pamonhas!” e ele diz quase cantando: “vou comprar pamonha!” e eu a cuidadora de sua boca respondo: “Vai comprar, mas não vai comer!” Sua reação foi a de quem aproveita a situação para jogar na cara o que está preso na garganta, tipo o bêbado que se aproveita da sua embriaguez para falar o que lhe falta coragem: “Pois quando você botar comida pra mim acrescente no arroz e diminua o capim!” E olha que não era capim canela, nem favorito, nem roseta, nem rosado, nem capim de burro, nem dourado, era apenas couve, couve à mineira!

Com muito carinho a quem devo a vida!
Antônio Sátiro, meu irmão, lá nos sertões dos Inhamuns.

Artemísia

3 comentários:

  1. Tomara que alguém tenha esse cuidado com ele lá nos Inhamuns. Aqueles queijinhos são tentação.

    Beijos.

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  2. É...

    Pois é né!

    Tomara que aos noventa, essas coisas não cheguem pra mim
    Pois muié quando toma de conta de home
    Quer mermo é que ele coma capim
    No bom sentido e ainda diz que é bão pra saúde.
    Vôte! também num gosto qui controlem minha comida.

    Tenho uma saúde de ferro, mas aqui em casa no meu Ceará. minha cara metade enche o prato dela desses capins caseiros chamados verdura e quer fazer o mesmo comigo... E eu não gosto. Sai pra lá!

    Minha pressão é ótima, coração também, não sou nervoso nem preocupado em viver além da conta. Mas um dia desses fui com ela a cidade lá encontramos um magote de moças tirando a pressão do povo lá na Praça.

    Ela correu e mandou tirar a dela e ai falou: Vicente senta ali pra tirarem tua pressão.

    Ai eu disse sento não, ninguém tira minha pressão...

    ... As enfermeiras, até bonitinhas falaram, mas seu Zé é bom para o senhor saber como está de saúde.

    Ai eu disse: Deixo não. Vocês vão tirar minha pressão... e depois não vão saber botar... e vão é me deixar doente!

    Artemísia: Por incrível que pareça, elas ficaram encabuladas e eu mangando delas.

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