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domingo, 12 de fevereiro de 2012

A humana força bruta

Até que ponto vai a força bruta de um ser humano?
Na sala, aguardando a minha vez de ser atendida na Metropolitana VI, escuto a conversa de duas colegas de profissão que estavam com o mesmo objetivo que eu, alocação escolar.
Pude observar que apenas uma ouvia, enquanto a outra falava, gemia, reclamava...
O ponto que me chamou a atenção foi quando a ouvi dizer: “Estou pensando fazer o mesmo que minha mãe, me entregar. Minha mãe se entregou...” pronto! É depressão. Virei-me para ela, seu nome é Glória. Vejam que nome, para quem nesse momento pensa em “se entregar”.
Falando com ela percebo o quanto está amarga a sua vida. Não a conheço, mas diz que só tem problemas... Diz que o povo de sua Igreja não a procura. Proponho uma conversa com um padre que conheço e ela me diz que não pode porque é pecado... Ela é Evangélica. Percebo que seu nível de estresse passa do limite. Proponho uma conversa com alguém preparado para ouvi-la e aconselhá-la. Logo ela se volta contra a Igreja Católica, alegando que não gosta das “estátuas”. Nossa conversa não pode seguir. Não sou Psicóloga, Psicanalista, Psiquiatra, apenas Professora. E ela, na sua amargura, vai mostrando o quanto é forte e poderosa. Ameaça acabar com qualquer um que se meter a besta com ela. Fez a filha se casar aos quatorze anos, para que o rapaz não faça mais mal a nenhuma outra garota e diz que acaba com a raça dele. Mas não tem coragem de separa-se do marido que já a traiu mais de uma vez, porque é pecado, é contra a vontade de Deus. Não pode! E em nome de um casamento falido vai levando uma vida de tortura. Percebe-se quanto está fora de uma consciência normal. A sua força está voltada para a destruição do outro. Cega, não percebe o mal que está sobre ela e somente ela pode sair do poço profundo em que se meteu. Por que essa mesma força de leão não é usada a seu favor?  Calo-me quando percebo que o seu grau de depressão está elevado e em poucos minutos não vou convencê-la a pensar o contrário. Esperei a minha vez . Fui atendida e fui embora. Espero que a Glória reconheça a força do seu nome enquanto há tempo. Não a conheço, nem sei onde mora. A minha omissão será melhor para as duas.
Fico me perguntando até onde vai a força bruta animal-humana, uma vez que a mulher fala com toda a sua convicção de que é má e se usar a carne destrói o outro que pode ser marido, filho, genro, e por aí vai, até quando e como, recuso-me a saber.


Artemísia

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