25 de agosto de 1917, tempo
quente! Agosto é um mês de muito calor no Ceará. Mas a menina não escolheu.
Nasceu. Como terá sido sua infância? Tímida, sem muita opção ou tempo para
brincadeiras. Infância difícil. Adolescente normal. Casa-se muito jovem e se torna
mãe de onze filhos. Filhos normais e saudáveis. Criou os onze. Sem muito
carinho, porque não tinha tempo, com todo afeto, capaz de fazer cada um sentir
o quanto era importante a sua presença na hora árdua de febre ou de dor.
Cuidadosa, responsável e severa, quando precisava. Não tinha Biblioteca, mas
com uma cultura invejável e conhecimento de causa, suficiente para educar a
cada filho na sua fé e transmiti-los a sabedoria essencial à vida: O respeito
ao outro e o amor pelo trabalho. Não brincava porque não tinha tempo, mas
preparava nossos guisados quando inventávamos que éramos gente grande. Muita
fumaça, olhos vermelhos, mas o domingo era só alegria. Edificava barracas de
palha de carnaúba e não era arquiteta. Nossa vida era uma festa. Sem falar nas
festas que íamos. Era a fada madrinha das cozinhas dos casamentos. Ensinou-nos
o que sabia. Cantava canções de ninar e fazia acalmar os corações aflitos.
Contava histórias de príncipes encantados e nos encantava. Era a nossa
Sherazade. Não para salvar sua vida e conquistar o Sultão, mas para acalmar as
nossas mentes ansiosas por mistérios e princesas. Éramos as suas princesas de
um castelo real. Quando a família tinha um pai e uma mãe, muito respeito e sinceridade.
Com os dois aprendemos para a vida. Como eu gostaria de ter palavras para
fazê-la entender a sua importância em nossas vidas.
Hoje é a nossa criança, aos
noventa e cinco anos. Não fala. Não anda. Nela tocamos e a fazemos sentir-se em
nossos braços. É o nosso retorno para ela que um dia nos embalou e nos cobriu nas
noites frias ou nos dias febris. A ela, essa rainha sem coroa, mas rainha, todo
nosso amor enquanto é possível. Parabéns, Rainha Edvirgens, Mãe querida!
Eh...
ResponderExcluirARTEMÍSIA:
Um dia li uma história que era mais ou menos assim - Vou contá-la ao meu modo com minhas palavras:
Certa manhã, um senhor muito idoso passou pelo pronto socorro e pediu a atendente para encaminhá-lo ao médico a fim de fazer um curativo urgente.
Como o médico demorasse a atendê-lo, ele insistiu que tinha pressa, muita pressa.
Então o médico o ouviu e o chamou.
Iniciou o curativo enquanto perguntava, por que a pressa meu bom velhinho?
E ele respondeu:
- É que estou indo visitar minha esposa.
- E onde ela está agora? Pergunta o médico.
-Na casa dos idosos em tratamento muito longo!
- E ela o está esperando? Pergunta o médico.
- Não senhor, ela nem toma mais conhecimento de mim. Esqueceu tudo!
Então meu bom velho, se ela nem sabe mais quem é o senhor, não precisa ter tanta pressa em ir visitá-la.
E o velhinho olhando para o médico com aquele olhar de impotência respondeu:
- É seu doutor, ela até pode não saber mais quem sou eu. Mas eu sei a importância dela na minha vida...
E o médico silenciou. Em seguida o velhinho o viu deixar cair quatro lágrimas.
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Você tem toda razão nesta postagem.
Não devemos amar somente aqueles que nos enaltecem, nos paparicam, mas também, e principalmente aqueles que foram nosso sustentáculo quando mais precisamos do seu amparo.
Vicente, você tem sempre boas histórias para contar.
ExcluirSeja sempre bem-vindo!
Saudade e gratidão.
ResponderExcluirsim, A
ExcluirSim, Andressa, saudade e gratidão expressam o que sentimos por ela sempre.