Os traços da maturidade mostram a beleza que foi e é a sua vida...
Eu me acho uma pessoa normal. Olhos, nariz, boca, tudo no lugar. Meu cabelo de anjinho barroco, que a minha mãe fazia uns cachinhos lindos e deixava-me tão linda quanto o anjinho. Quando cortaram ficou muito rebelde e incomodava todo mundo. Sempre havia alguém a dar pitacos e o pobrezinho não tinha sossego.
Personalidade de adolescente de cidade pequena é muito engraçada, vai pela cabeça dos outros como se fosse piolho.
Uma professora que já havia morado no Rio de Janeiro adorava mandar: “corta seu cabelo de camadas (era moda, na época!) e eu obedecia. Porque para mim ela era dona da verdade, culta, professora!
Além do cabelo de anjinho barroco... Tive um sarampo muito forte, com tosses terríveis que devem ter estrompado as minhas pregas vocais. Pois tenho uma voz rouca, diferente e isso também incomoda a todo mundo. (Não é um elefante, mas...). Quando digo incomoda a todo mundo, me incluo. Minha auto-estima era muito baixa até compreender que isso são pequenos detalhes que podem e devem ser superados. Basta querer e eu sempre quis. Não era fácil conviver com os amigos. Um dia um grande amigo, “mui amigo”, disse para eu cortar a cabeça e jogar fora porque dela não se aproveitava nada. Ah, esqueci de dizer que além do cabelo de anjinho barroco, voz rouca, era cheia de sardas que nem a Poliana.
O que meu amigo não sabia era que eu me tornaria uma pessoa cheia de sonhos. E quando se sonha a vida tem sentido. Nunca tive depressão por ser feia, mas andava igual uma abestalhada sempre com um lenço amarrado na cabeça, pensando que era bonito. Era moda. Mas eu usava mesmo era para esconder o cabelo rebelde. Passei a ser incomodada pelo pano na cabeça. Parecia que tinha feridas!
O tempo, ah, o tempo! Tudo o tempo resolve. Até isso passa. Tudo passa. Continuo rouca, sardenta, mas o cabelo perdeu toda aquela beleza da infância de anjinho barroco. Tornei-me uma pessoa feliz, alegre e que acredita na beleza interior superando a carcaça visível que se transforma com o tempo.
A beleza do envelhecer está na sabedoria que se ganha com as experiências marcantes de cada situação vivida.
Chamam de terceira idade, melhor idade, feliz idade, eu chamo de FELICIDADE. Alcançar a maturidade com traços que mostram o que foi e o que é a sua vida. De que forma conduziu os dons a você destinados. Somos nós, somente nós, os verdadeiros responsáveis a construir a nossa felicidade a cada momento. Se felicidade é estado de espírito, diga sempre para ele que você é feliz e ele estará feliz também.
Leva-se um tempo para compreender...
Artemísia
Você é linda, minha amiga!!! Bela por fora, bela por dentro, transpira alegria e sinceridade. Te gosto muito!!! Márcia
ResponderExcluirObrigada por tão lindas palavras, Márcia! Sinto uma grande alegria quando encontro um novo comentário, ainda mais quando me eleva o ego... Comecei uma brincadeira e estou adorando.
ResponderExcluirTia Bibi se superando a cada texto!
ResponderExcluirOi, linda! Como é gostoso ver suas pegadas no caminho. Elas são muito valiosas e reconheço que são verdadeiras. Obrigada, Dessinha.
ResponderExcluirRelendo em 2016, gostei ainda mais do texto porque me vejo nele. Penso como, em tão pouco tempo de vida, meu conceito de liberdade já mudou tantas vezes. Antigamente, significava poder ir à casa da avó sozinha. Depois, poder ir às festas com os primos mais velhos e, posteriormente, com quem eu quisesse ir sem ter que avisar. Hoje, liberdade é ser quem eu sou - com todos os meus defeitos e qualidades -, independentemente de a sociedade gostar. Ah, mas detalhe: cabelo cacheado/crespo/afro não é ruim, não é defeito! Esse pensamento pequeno é resquício de uma sociedade escravocrata e da crença na superioridade de alguma "raça" humana. Besteira, somos humanos. Parte dessa libertação, sem dúvidas, devo a essa tia tão querida. Muito obrigada.
ResponderExcluirPois é... Andressa, a vida vai nos ensinando que somos um no meio de tantos! E que por isso mesmo devemos viver intensamente tudo que conseguirmos realizar. Nunca seremos livres totalmente, mas podemos ser felizes, sem deixar que os outros interfiram em nossa felicidade ou em nossa falsa liberdade! Um beijo!
Excluir