Seu moço preste atenção
No que aqui vou escrever,
Quem conhece o meu sertão
Eu sei que vai entender.
Se uma mulher padece
Quando seu filho falece
As aves sofrem também.
Eu tenho no pensamento
Que amor é um sentimento
Que os pássaros também tem.
Eu olhava passarinho
Certa vez lá no sertão,
Quando encontrei um ninho
No Riacho do Feijão.
Tinha um sabiá cantando,
Mas quando me viu chegando
Voou cantando terror.
O filhote que sabia,
Avisou na sintonia
Que eu não era predador.
Depois a mãe sabiá
Tratou-me com simpatia,
Quando eu chegava por lá
Cantando me recebia,
Dessa grande afinidade,
Ficou também amizade
Que transformei em canção.
Fiz no meu peito um abrigo,
Pra levar sempre comigo
A orquestra do sertão.
Como escrevi no começo
A ave tem sentimento,
Felicidade tem preço
E tragédia tem momento.
Houve um inverno arrojado
Que o Riacho do Machado
Juntou-se com o do Feijão.
E as águas com violência,
Não respeitaram a regência
DA ORQUESTA DO SERTÃO.
Um dia eu saí de casa
Encontrei mãe sabiá,
Acenando-me com a asa
Apontando para lá.
Seu canto havia mudado,
Era um canto de finado
De maestro cabisbaixo.
Segui a mãe do amigo
Mas já pensando comigo
Na tragédia do riacho.
Com a asa me chamava
Pro Riacho do Feijão,
Quanto mais perto chegava
Mais crescia a aflição.
Chegamos onde era o ninho
E o triste passarinho
Com o seu bico apontou.
Querendo dizer no canto,
Que de quem gostava tanto
A enchente carregou.
Lá eu fiquei procurando
A moita que tinha o ninho,
Só vi água balançando
Como num redemoinho.
Foi quando eu tive a certeza,
Que a perversa correnteza
Tinha feito a maldição.
Levado pra bem distante,
Aquele novo integrante
DA ORQUESTRA DO SERTÃOMundim do Vale.
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