Como é bela a inocência.
A criança de cinco aninhos chega a minha casa, rasga um papel muito colorido e cheio de palavras que encontra dando sopa sobre a mesa da cozinha. Era uma daquelas propagandas de vendas de moradias, de condomínios.
A mãe reclama. Diz que na rua ele cata lixo e pede para ela guardar. Já na casa dos outros ele rasga o papel e não se incomoda de rasgá-lo. E se fosse um documento, pergunta a mãe.
Enquanto dona da casa onde estamos, não do referido papel, digo para ele que se fosse um documento, o papel que ele rasgou, eu o levaria à polícia. E ele na calma de alma inocente de cinco anos diz: ”não era documento, não. Documento é cartão e não tem tanta propaganda escrita assim”.
Abracei-o e beijei, louvando a sua inteligência, seu rápido raciocínio.
O cérebro adulto levaria muito mais tempo para elaborar a resposta. Ele, não. Parecia adivinhar o que a mãe falaria ao ver sua atitude diante de um papel sem valor. A resposta rápida e criativa só me faz pensar na beleza “da resposta das crianças” que tantas vezes deixamos de ouvir e de considerar tamanha grandeza.
Artemísia